XVII COLÓQUIO BRASILEIRO EM ECONOMIA POLÍTICA DOS SISTEMAS-MUNDO
(NEO)INDUSTRIALIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA:
restrições e possibilidades nacionais e sistêmicas
Formato Híbrido
UFSC (Florianópolis), de 6 a 8 de novembro de 2023.
CHAMADA DE TRABALHOS
Recentemente o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, escreveram um texto para o jornal Estado de São Paulo intitulado “Neoindustrialização para o Brasil que queremos” no qual, entre outros temas, mencionaram a redução da participação da indústria no PIB do país e o próprio processo de desindustrialização que, segundo eles, precisa ser interrompido. Para tanto, propõem uma neoindustrialização, com uma política industrial inteligente. O mesmo texto coloca ainda a China como referência de um processo exitoso de industrialização e complexidade econômica.
No quadro de incertezas, fragilidades e instabilidades econômicas, políticas e sociais que caracterizam a América Latina, teria qualquer governo da região a capacidade e os recursos necessários para planejar e executar políticas de longo prazo (que contemplem em particular a indústria 4.0), sem as quais é impossível inverter a tendência à desindustrialização que parece estar acontecendo desde a década de 1980?
A industrialização latino-americana foi liderada por empresas estrangeiras, principalmente norte-americanas, o que teve como consequência que nenhum país da região tem indústrias nacionais competitivas internacionalmente. Prosperando como sócio menor do capital internacional e acostumado a contar com força de trabalho barata e desorganizada e com o Estado para reprimi-la quando ela o desafia, o empresariado industrial jamais apoiou o Estado quando este (com Getúlio Vargas e mais recentemente com o PT) pretendeu estimular a indústria nacional e ao mesmo tempo melhorar as condições de vida e de organização dos trabalhadores.
O governo Lula-Alckmin, que tenta se firmar após os anos do liberalismo Temer-Bolsonaro, enfrenta um congresso conservador e liberal. Terá esse governo (que além desses obstáculos políticos, tem graves restrições orçamentarias) condições de implementar uma política industrial em que o Estado tenha um papel relevante? Esta pergunta se torna ainda mais significativa quando pensamos nos aspectos geopolíticos de um projeto de industrialização que ambicione desenvolver indústrias e tecnologias de ponta. No contexto do conflito entre EUA e China, terá o governo Lula-Alckmin apoio interno para tirar proveito dos recursos, da tecnologia e da necessidade que tem a China de solidificar relações com países da América Latina, especialmente com o Brasil (por sua relevância regional)?
Outro aspecto a ser destacado, que parece ter limitado a industrialização no Brasil e na América Latina, é a pouca relevância de uma indústria nacional de defesa. No capitalismo histórico, o conflito interestatal foi o grande estimulador dos avanços em ciência, tecnologia e inovação e da própria indústria nacional dos países centrais e também no leste da Ásia antes da Segunda Guerra mundial e na China desde 1949. Tal dinâmica não parece ter sido relevante nos processos de desenvolvimento da América Latina.
Por fim, é importante frisar que é necessário ter uma perspectiva crítica sobre a tradição herdada da CEPAL de considerar industrialização como sinônimo de desenvolvimento. Como mostram as experiências dos países centrais e mais recentemente do Leste Asiático, as atividades de serviços, finanças e comércio não são formas secundárias de acumulação de capital, devendo também ser consideradas importantes para o processo de elevação da renda per capita. Talvez por não contar com essas formas de acumulação, o próprio processo geral de industrialização na América Latina não tenha levado ao desenvolvimento da região, no sentido de emparelhamento ou aproximação com os padrões de distribuição de riqueza e bem-estar dos países centrais, mesmo entre no período 1950-1980, que foi de grande expansão industrial em vários países latino-americanos.
Assim, a reflexão a respeito do padrão de industrialização ocorrido no Brasil e na América Latina como um todo é crucial para a compreensão, em uma perspectiva histórico-mundial e sistêmica, das reais possibilidades e dos limites de propostas e práticas de (neo)industrialização.
Nesta 17ª. edição, o Colóquio Brasileiro em EPSM convida pesquisadores/as a submeterem trabalhos que tratem dessas e outras questões em uma perspectiva histórico-mundial.
Como é tradição em nossos colóquios, serão bem-vindos trabalhos em outros temas e períodos desde que utilizem a EPSM, como também sobre a própria EPSM, seja para aperfeiçoá-la ou para criticá-la.
Cronograma para submissão de trabalhos
Submissão de resumos expandidos: 15 de setembro de 2023.
Notificação de aceite de proposta: 22 de setembro de 2023.
Prazo para confirmação de participação: 02 de outubro de 2023
Envio do artigo completo: 23 de outubro de 2023.
Evento: 6, 7 e 8 de novembro de 2023.
Normas para submissão de trabalhos
Resumo expandido
- Título do trabalho;
- Informações sobre os(as) demais autores(as), se existirem;
- Resumo expandido com o mínimo de 2.000 e o máximo de 6.000 caracteres com espaços, que contenha:
- definição clara do objeto, dos objetivos e da pergunta de pesquisa;
- síntese da metodologia ou forma de abordagem da pesquisa e suas fontes;
- principais resultados obtidos (completos ou parciais), de acordo com os objetivos propostos;
- agência de fomento da pesquisa (se houver) e Instituição de Ensino Superior/Programa de Pós-Graduação ao qual autores(as) seja(m) filiadas(os);
- lista de referências bibliográficas;
Artigo completo
Texto do trabalho, seguindo o formato apresentado abaixo:
- Formato: PDF
- Página: A4 (29,7 x 21cm).
- Limite de páginas: mínimo de 12 e máximo de 20 páginas, incluindo elementos pré-textuais e pós-textuais.
- Margens: superior 3cm, inferior 2cm, esquerda 3cm e direita 2cm.
- Fonte: Times New Roman tamanho 12.
- Espaçamento entre linhas: 1,5cm.
- Capa, contendo as seguintes informações:
- Nome do Evento
- Data e Local do Evento
- Título do Trabalho em letras maiúsculas e em negrito (Idêntico ao título da proposta aprovada)
- Nome completo e instituição das(os) autoras(es)
- Primeira Página contendo:
- Resumo expandido submetido na inscrição e aprovado e Palavras-chave
- Apresentação do texto (formato):
- O arquivo do texto completo a ser submetido deverá alcançar o tamanho máximo de 20 páginas incluindo ilustrações, bibliografia, notas de rodapé, tabelas e paginação.
- Para as Referências Bibliográficas, utilizar o formato ABNT com tamanho da fonte 11pt.
Realização:
Grupo de Pesquisa em Economia Política dos Sistemas-Mundo
Comitê organizador:
Helton Ricardo Ouriques – GPEPSM/PPGRI/UFSC
Daniela Santos Nunes de Rodrigues – Doutoranda PPGRI/UFSC
Mariana Collette Piai Ersina – Doutoranda PPGRI/UFSC
Gustavo Gatto Gomes – Doutorando PPGRI/UFSC
Gabriel Sebben Tadiello- Doutorando PPGRI/UFSC
Dúvidas?
Comitê Científico:
Pedro Antônio Vieira – PPGRI/UFSC
Fábio Pádua dos Santos – PPGRI/UFSC
Carlos Eduardo Martins - UFRJ
Eduardo Barros Mariutti - UNICAMP
Antônio José Escobar Brussi - UNB
Jales Costa Dantas - UNB
Rosângela de Lima Vieira - UNESP
Bruno Hendler - UFSM
Apoio:
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Socioeconômico
Departamento de Economia e Relações Internacionais
Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais