Histórico e Objetivos
Duas décadas atrás, mais precisamente, em 1999, começou a ser estudada no Departamento de Economia da UFSC a perspectiva de análise inaugurada com o lançamento, em 1974, do primeiro volume de O Moderno Sistema Mundial de Immanuel Wallerstein. De 1999 a 2003 as obras seminais de Fernand Braudel, Giovanni Arrighi e do próprio Wallerstein foram debatidas em encontros semanais que reuniam professores e alunos de toda a UFSC. Em 2003, os professores Nildo Ouriques e Pedro Vieira organizaram um grande seminário internacional que contou com a presença de Immanuel Wallerstein, Giovanni Arrighi, André Gunder Frank e Theotônio dos Santos, entre outros.
Quando o mestrado em Economia se organizou em áreas, os professores Hoyêdo Nunes Lins, Pedro Vieira e Wagner Leal Arienti, interessados na Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM), passaram a integrar a área de Transformações do Capitalismo Contemporâneo e os seminários foram transformados nas disciplinas Capitalismo e História, que pretendia ser uma iniciação à EPSM; O Brasil no moderno sistema mundial; e Metodologia da Pesquisa em Análise dos Sistemas-Mundo.
Em 2006, foi formalmente constituído o Grupo de Pesquisa em Economia Política dos Sistemas-Mundo (GPEPSM), com registro no CNPq. De cunho acadêmico, o GPEPSM tem por finalidade estimular e promover a elaboração, o emprego e a divulgação da EPSM como marco analítico para o estudo da mudança social em nível mundial, regional e local. Com esta finalidade, em 2007, o GPEPSM realizou em Florianópolis o I Colóquio Brasileiro em Economia Política dos Sistemas-Mundo, evento que vem acontecendo anualmente. Além da UFSC, onde o Prof. Helton Ouriques tem sido o organizador, o Colóquio ocorreu em outras universidades brasileiras: UnB, sob a coordenação dos Prof. Antonio Brussi em 2009 e dele com o Prof. Jales da Costa em 2017; Unicamp em 2011, por iniciativa do Prof. Eduardo Barros Mariutti; UNESP-Marília em 2012, organizado pela Profa. Rosângela Vieira; e UFPB em 2015, coordenado pelo Prof. Jales da Costa. Para fomentar um debate internacionalizado, os Colóquios contam frequentemente com palestrantes estrangeiros entre os quais se destacam Beverly Silver, Carlos Aguirre Rojas, Chistopher Chase-Dunn, Ho-Fung Hung, Ravi Palat e Roberto Patrício Korzeniewicz.
As chamadas de trabalhos tem sido respondidas por docentes, doutorandos, mestrandos e graduandos de todo o Brasil, e mesmo do exterior, o que demonstra que os Colóquios vem cumprindo seu objetivo de proporcionar aos pesquisadores interessados na EPSM a oportunidade, talvez a única fora dos EUA, para socializar suas pesquisas com quem está genuinamente interessado na Perspectiva.
Além do Colóquio, a produção de livros, capítulos de livros, artigos, teses, dissertações e monografias dá testemunho de que nos 14 anos de sua existência o GPEPSM vem contribuindo para construir e divulgar a EPSM no Brasil e para mostrar a relevância da Perspectiva para a compreensão do mundo contemporâneo, especialmente do Brasil e da América Latina.
Atualmente o GPEPSM está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFSC e conta com uma rede de pesquisadores no Brasil (UnB, UNESP, Unicamp, UFGD, UFSM) e nos EUA (University of Maryland). Os esforços de pesquisa se encontram hoje orientados para a construção uma explicação histórico-mundial dos processos de ascensão e rebaixamento dos países/regiões na hierarquia mundial de poder e da riqueza do sistema-mundial moderno.
Realizações passadas e futuras só podem ser consideradas positivas se funcionarem como alento para a continuidade da missão: oferecer uma perspectiva crítica e fecunda para a compreensão da economia-mundo capitalista, compreensão que é a condição indispensável para qualquer projeto de mudança na direção de um mundo democrático e igualitário. Para isso, o principal desafio do GPEPSM será sua contínua renovação enquanto movimento do saber comprometido com a construção de uma ciência social historicamente fundamentada e aberta através da incorporação de novas gerações de pesquisadores e pesquisadoras.